No seu pronunciamento, o Chefe de Estado destacou que o mês de Novembro será dedicado à exaltação do percurso histórico de Angola, em celebração dos 50 anos da Independência Nacional.
“Com a Independência reacendemos a chama da esperança. Celebraremos a nossa bandeira, que foi içada com o resultado de muito suor e sangue dos seus filhos”, afirmou João Lourenço, num tom de homenagem e orgulho patriótico.
O Presidente sublinhou que partilha com o povo angolano uma caminhada heróica de cinco décadas e perspectiva um futuro de prosperidade, tendo reafirmado o compromisso do Executivo com o desenvolvimento e a unidade nacional.
João Lourenço, durante três horas e 16 minutos, destacou os progressos alcançados em 50 anos de independência, em vários sectores, como o da energia e águas, transportes, construção de aeroportos e portos, entre outras infraestruturas, sobretudo na saúde e educação, contrastando com a “pesada herança” colonial, quando o país dispunha apenas de 19 médicos.
O Chefe de Estado referiu que, no início da independência, Angola tinha apenas 320 unidades de saúde, esperança média de vida de 41 anos e elevadas taxas de mortalidade infantil e materna.
Com a paz em 2002, foi possível investir mais na saúde, mesmo em tempos de crise financeira. Hoje, o sistema é mais robusto, com melhorias nas taxas de mortalidade infantil, de menores de cinco anos e materna.
Na educação, o Presidente sublinhou que Angola herdou um sistema colonial excludente. Em 1975, 85% da população era analfabeta. Actualmente, a taxa de analfabetismo caiu para 24%, com 9,6 milhões de alunos e mais de 208 mil professores.
Apesar dos avanços, reconheceu que ainda há crianças fora da escola e infraestruturas insuficientes face ao crescimento populacional.
Na parte final do longo discurso o Presidente angolano anunciou que os líderes históricos, Holden Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA), signatários dos Acordos de Alvor, com Agostinho Neto (MPLA) vão ser condecorados com a Medalha Comemorativa dos 50 anos de Independência Nacional.
“É nobre e de alcance sentimental único o reconhecimento que a Nação angolana tem feito a milhares dos seus filhos e a alguns cidadãos estrangeiros que consentiram sacrifícios e que se empenharam com alto sentido patriótico para nos legar uma terra livre, outorgando condecorações no quadro das celebrações dos 50 anos da nossa Independência”, afirmou João Lourenço.
O Presidente salientou que este gesto, adicionado ao trabalho “possível” para dignificação das vítimas dos conflitos políticos e para o consolo reparador dos seus familiares, “é um indelével contributo à reconciliação nacional”.
“Para nós, 50 não é apenas um número, é sinónimo de reconhecimento da nossa história de lutas, de eternização do nosso passado glorioso, é sinónimo de paz, de perdão e de vontade de nos reerguermos juntos para concretizarmos os sonhos, é sinónimo de reafirmação do compromisso com os valores da Pátria, de confirmação da nossa esperança e de reafirmação da nossa confiança, é sinónimo da nossa certeza de que Angola unida, vai vencer!”, acrescentou, lembrando que “o pós-independência não foi fácil”, tendo-se seguido 27 anos de uma guerra interminável “entre filhos da mesma terra”, que dizimou a vida de milhões de angolanos e “adiou os sonhos da madrugada de 11 de novembro de 1975”.
“Todos sabemos que a conquista da paz foi muito difícil, requereu magnanimidade, serenidade e capacidade de perdão”, afirmou, evocando o ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que em Abril de 2002, ao anunciar o fim da guerra, disse que “quem ama verdadeiramente a paz tem de saber perdoar e reconciliar-se com o seu próximo”.
O chefe de Estado reconheceu que “não tem sido fácil reconstruir o país, construir a Nação e lançar bases sólidas para o desenvolvimento” e que “presencia” o sacrifício que milhões de angolanos fazem todos os dias, com esperança e confiança em todos os domínios da vida nacional, para fazer do país uma terra de prosperidade”.
O discurso, marcado por comparações com o período colonial e pela exibição de estatísticas sobre os ganhos da independência em sectores como a agricultura, a indústria, as pescas, a energia e águas, os transportes, as comunicações e o desporto — com menções a conquistas recentes no andebol e no basquetebol —, terminou com um apelo à unidade nacional e superação dos desafios.
Angola “é uma Nação que aprende com os seus erros, que supera os seus desafios e que celebra as suas conquistas. Este é o Estado da Nação, que juntos estamos a construir há 50 anos”, incentivou o chefe do executivo angolano, saudando a Independência nacional.
O discurso terminou com uma estrondosa ovação dos cerca de 500 indivíduos presentes, entre deputados, membros do Executivo e convidados.